A região Sul do Brasil tem grande relevância para a pecuária nacional. Somente o Rio Grande do Sul tem plantel de 11,9 milhões de cabeças, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além dos desafios normais do mercado, os produtores rurais do estado enfrentam outro sério problema: furtos e roubos de animais em propriedades rurais. Ismael Ribeiro, gerente de Venture Builder da Belgo Arames, explica que os criminosos se aproveitam do isolamento das fazendas para praticar crimes rentáveis, que também representam riscos à saúde pública, pois os consumidores podem adquirir e consumir carne sem procedência e controle de qualidade.
O governo do Estado do Rio Grande do Sul informa que, entre 2023 e 2024, houve queda no registro de furtos e roubos de bovinos. Apesar disso, ocorrem em média oito casos por dia. Diante disso, o Poder Público anunciou, na 47ª Expointer, a Plataforma de Defesa Agropecuária (PSDA), da Secretaria da Agricultura, Pecuária, Produção Sustentável e Irrigação (Seapi). O objetivo é “agilizar processos e garantir a organização sistêmica das ações de defesa”, cuidando do desenvolvimento e da proteção sanitária das atividades de produção gaúcha.
As estatísticas, porém, podem estar subestimadas. Isso porque não existe controle específico dos furtos e roubos a bovinos ou, de maneira geral, a propriedades rurais. No cenário amplo, considerando todas as modalidades de roubo (mas sem considerar os furtos), o Fórum Brasileiro de Segurança Pública aponta a ocorrência de 32.401 casos em 2023, ante 36.950 em 2022. Apesar da variação negativa, os 297,7 registros a cada 100 mil habitantes representam uma preocupação gigante nas zonas urbanas e também no campo.
“Reforçar o cercamento das fazendas com arame liso, farpado ou cercas elétricas e criar redes de comunicação com vizinhos para monitorar movimentações suspeitas estão entre as medidas urgentes que dificultam o acesso dos criminosos e aumentam a segurança da propriedade, do gado e das pessoas. Além disso, os pecuaristas contam com tecnologias inovadoras, como sistemas digitais de monitoramento, que permitem acompanhar o rebanho de forma eficiente e em tempo real, recebendo alertas de movimentação suspeita em qualquer período do dia”, completa Ribeiro.
A Belgo Arames, referência no mercado brasileiro de arames, investiu na startup Instabov, contribuindo para o desenvolvimento de um colar com GPS que, ao ser instalado nos animais, envia dados diretamente para antenas localizadas na propriedade. “Dessa forma, os pecuaristas têm acesso a informações precisas sobre a movimentação e o comportamento do gado. Com o uso do aplicativo da Instabov, os pecuaristas recebem atualizações a cada 10 minutos, diretamente em seus smartphones. Isso permite que eles respondam de forma imediata a qualquer situação de risco, como perda ou furto de animais, e acionem a polícia em casos de atividade criminosa”, comenta Fernando Moraes, diretor executivo da Instabov.
A tecnologia não só ajuda a proteger o rebanho, mas também contribui para a segurança das pessoas envolvidas nas operações da fazenda. “Temos ótimos resultados com essa inovação. Os pecuaristas sentem-se mais seguros e podem cuidar do seu negócio com mais tranquilidade. E a Belgo quer expandir a utilização da tecnologia e ajudar a melhorar a segurança no campo, além de impulsionar o crescimento do agronegócio”, finaliza Ismael Ribeiro.